Por um breve momento ela olhou nos olhos de Jonas e ele pôde sentir o quão misterioso era aquele olhar, frio, penetrante e inerte. Ela então voltou a olhar para o livro, fechou-o e se dirigiu ao balcão. A pouca claridade que entrava naquele ambiente era proveniente dos feixes de luz que entravam pelas altas janelas e se refletiam por entre as estantes abarrotadas de livros velhos e empoeirados. Jonas pegou um livro "A dança da morte" de Stephen King e foi em direção ao balcão. Ela ainda estava lá, ele se aproximou e se posicionou ao seu lado de forma a conseguir ler sua ficha de cadastro da loja. Perfeito, conseguiu o que queria saber. Ela se chamava Alice Pfeiff, tinha 23 anos e morava na rua Morgue, em frente a Praça do Cemitério. Ele sabia onde era. Do seu quarto podia-se avistar a casa dela do outro lado da praça. Ela deve ser nova na cidade - pensou ele, pois nunca tinha a visto antes. Mas talvez seja porque ele nunca saia de seu quarto. Nesse momento ela pegou seu livro e saiu da livraria sem sequer olhar pra trás, e Jonas fitou sua imagem até que já não se via mais seu contorno em meio à neblina. Senhor? - Chamou-lhe o vendedor de livros com sua enorme barba branca e seus óculos apoiados na ponta do nariz. Seus pensamentos dissolveram instantaneamente como a fumaça de um cachimbo e voltou então sua atenção ao livro. Esquecera naquele breve momento o quando odiava o mundo e o quanto o mundo o odiava. Não sentiu alegria, nem qualquer sentimento, mas um súbito interesse brotou em sua alma, pelo desconhecido e enigmático olhar de Alice.
Refeito de suas reflexões, pagou ao velho barbudo a quantia referente ao livro e voltou à sua eterna reclusão.
Continua...
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Um comentário:
"mas um súbito interesse brotou em sua alma, pelo desconhecido e enigmático olhar de Alice"
CURIOSIDADE...é a pior coisa q existe, não????
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